Marcha pede entendimento entre culturas e religiões

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Encontro será realizado no dia 21, em Porto Alegre

Para a mitologia nagô, Ogun é o desbravador, senhor das estradas e das batalhas. Segundo a tradição afro-religiosa do Rio Grande do Sul, 2009 é regido por este Orixá, que também é um dos mais populares do Brasil. Pois o ano já começa com uma grande missão para esta divindade: inspirar os milhares de religiosos de diversas tradições que estarão reunidos no dia 21 de janeiro no Largo Glênio Peres, Centro da capital, para protagonizar a I Marcha Estadual Contra a Intolerância Religiosa e Pela Vida. A caminhada está prevista para iniciar às 18h, com saída do Mercado Público seguindo pela Borges de Medeiros até o Largo Zumbi dos Palmares, onde acontecerá um ato público, às 19h30. Haverá também uma atividade no Gasômetro, em que religiosos de matriz africana entregarão um presente às divindades das águas.

Ato Político
No Largo Zumbi dos Palmares, antigo Largo da Epatur, importante símbolo da resistência negra na capital, os integrantes da Marcha farão um ato de repúdio ao assassinato de quilombolas do Quilombo dos Alpes, ocorrido no final do ano, e vão pedir aos governantes que criem uma delegacia especializada em crimes étnico-raciais e intolerância religiosa, a exemplo do Rio de Janeiro, além de uma Comissão sobre o tema. Projetos de Lei que tramitam em âmbito estadual e municipal e que atacam a liberdade de culto também serão denunciados, como a conhecida "Lei do Silêncio".

A importância da data
O dia 21 de janeiro faz parte do calendário oficial do país como o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, conforme explica o Babalorixá Dyba de Iyemanjá, conselheiro do CDRAB (Congregação em Defesa das Religiões Afro-Brasileiras), uma das entidades promotoras do evento. "Esta data lembra a morte de Mãe Gilda de Oxalá, em Salvador, que enfartou após ver sua foto estampada no jornal da igreja Universal, cuja manchete acusava: `charlatães lesam o bolso do povo´", explica.
O sacerdote alerta que a intolerância religiosa é pauta em todo o território nacional já há algum tempo. "Atrocidades tem sido cometidas em defesa de uma fé discriminadora, irracional e racista professada pelos seguimentos neo-pentecostais e, sobretudo, pela Igreja Universal do Reino de Deus no Brasil afora. Precisamos estar atentos, pois a todo o momento surgem ataques ao povo afro-religioso, inclusive com agressões físicas, como já têm acontecido", denuncia.
O dia 21 de janeiro será lembrado em diversas outras capitais, com atividades diversas. Em Porto Alegre, o objetivo dos organizadores é reunir cerca de 10 mil participantes entre praticantes de religiões afro-brasileiras, simpatizantes e religiosos de outras confissões que também clamam pelo respeito, entendimento e diálogo inter-religioso. A Marcha tem apoio de inúmeras entidades entre elas a Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa/RS, associações representativas das religiões de matriz africana no Estado, gabinetes de Deputados estaduais, Organizações Não-governamentais, entre outras.

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