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A Marcha que reuniu mais de duas mil pessoas no Largo Glênio Peres em Porto Alegre iniciou as 18 horas. Caravanas do interior do estado foram chegando e se aglomerando ao longo do largo que fica à frente do Mercado Publico da Capital. Lideranças Religiosas de Matriz Africana e Umbanda, Quilombolas, dos movimentos sociais negro, capoeiristas, Comunidade Mulçumana fizeram seus pronunciamentos na abertura.
O povo do Axé deu exemplo de unidade, conseguiu reunir diversas expressões do movimento. Durante a Manha do dia da Marcha houve uma audiência com a secretaria de segurança publica do estado a fim de pressionar o governo para a criação da Delegacia contra intolerância Religiosa à exemplo do Rio de janeiro, as 14 horas, foi a vez do TJ-RS receber a Adin – Ação Direta de Inconstitucionalidade assistida pelo advogado Dr. Cláudio Kieffer, contra a Lei 13085 – “A Lei da Mordaça Religiosa” em que um deputado evangélico propõe limites de som para templos religiosos. No Primeiro Momento da Marcha houve uma homenagem ao Bará do Mercado (Exu).Trata-se de um assentamento feito no centro do Mercado Público de Porto Alegre por um Babalorixa no final do século XVIII, um príncipe do antigo Daomé hoje Benin, MANOEL CUSTÓDIO DA ALMEIDA, que veio morar no Brasil em Porto Alegre –RS ,e se estabeleceu na antiga colônia africana denominada então “ AREAL DA BARONESA” hoje bairro Cidade Baixa em Porto alegre. Desde o seu assentamento, todos os iniciados após cumprir um certo tempo de retiro fazem um “passeio” e neste passeio um dos locais reverenciados é o Mercado Publico, pelo axé de fartura e pelo assentamento do Bará. Uma grande roda foi feita em homenagem a este Orixa que faz parte, sem sombra de dúvidas, do Patrimônio Cultural afro – Gaucho.
Foi solicitado por Baba Diba de Iyemonja, coordenador da Marcha, um rufar de tambores em memória do Poeta Negro gaucho que levou o 20 de novembro para O Brasil, Oliveira Silveira falecido em 01 de janeiro de 2009 , à Professora Maria Helena Vargas falecida no dia 18 da janeiro de 2009, e aos quilombolas assassinados do Quilombo do Alpes localizado no Bairro Glória em Porto Alegre Volmi e Joelma.
A Seguir, a marcha seguiu seu curso ao som dos tambores que ficaram em cima de um caminhão de som com “Korin” cantados por Baba Diba de Iyemonja, que ao longo de toda a marcha animou os integrantes fazendo saudação aos Orixás.
Uma grande roda foi feita abraçando o Largo Zumbi dos Palmares, num ato reafirmação daquele espaço como um território negro, por se encontrar nas limitações do Antigo “AREAL DA BARONESA”, um espaço conquistado pelo movimento social negro e religioso com muita luta , que a administração municipal atual quer transformar em terminal de Ônibus. Neste largo foi feito uma evocação a Xango - Orixá da Justiça para que justiça seja feita no caso do assassinato do casal quilombola do quilombo dos Alpes assassinados a sangue frio no dia 4 de dezembro por conta da briga pela posse, graças a omissão do nosso governo que não agiliza o processo de titulação.
Após este ato, a marcha retomou o seu percurso seguindo até a Volta do gazômetro, Leito do rio Guaíba onde foi realizada uma grande roda de celebração com cânticos para Oxum, Iyemonja e Oxalá onde um presente foi entregue nas águas por lideranças religiosas.
Em um ato de protesto e ao mesmo tempo pela paz, é a primeira vez que religiosos de matriz africana se levantam e tomam as ruas da capital.
A Marcha foi acompanha pela Brigada Militar e pela EPTC, e parou o transito de Porto Alegre em pleno horário de Pique. A imprensa local, rádio, jornais e TV deram ampla cobertura.
babadyba de yemonjá
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